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MESTRE ZUZA: INSPIRAÇÃO NO BARRO REPRESENTA A CONTEMPORANEIDADE DO POVO NORDESTINO

A arte do barro é uma atividade milenar e tornou-se uma prática muito representativa para a cultura popular de Pernambuco, uma herança deixada pelos índios. O município de Tracunhaém é conhecido com a “Terra do Artesanato de Barro”, porque a maioria da população dedica-se à produção de santos, esculturas e utensílios.

Essa tradição revelou grandes mestres nessa arte. A família de José Edvaldo Batista, o Mestre Zuza, artesão ceramista e santeiro, se destaca pela produção há mais de um século. Os avós José Batista e Joana Batista, o pai, João Batista, a irmã, Estelita, e a tia, Severina Batista, são reconhecidos pelo talento com a produção das imagens e objetos de barro.

Mestre Zuza iniciou os primeiros trabalhos aos 14 anos de idade e já tem mãos de 45 anos dedicados ao artesanato. Os seus primeiros trabalhos foram como ajudante na olaria de José Tibúrcio e por quase dez anos trabalhou com o  ceramista Tiago Amorim. O seu diferencial é um estilo próprio de trabalhar. Especialmente, pela sua peça obra de arte principal, chamada de xifópaga, que são imagens que se assemelham com os gêmeos ou trigêmeos ligados pela cabeça.

O artista imprimiu uma identidade própria na elaboração dos santos. Desvinculando-se da estética europeia e preservando a essência da arte primitiva dos antigos mestres do barro, em um trabalho exclusivo que sugere uma releitura do barroco, a partir da contemporaneidade do povo nordestino. Seus santos e santas, sem qualquer vinculação com a estética europeia, associam-se, nos traços fisionômicos e nas vestimentas, ao índio, negro e à cultura pernambucana. Os resplendores das esculturas, por exemplo, lembram os cocares dos índios, bem como a cor escura do barro remete ao negro.

Há mais de vinte anos também se dedica a ensinar jovens e trabalhadores através do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) em municípios da Zona da Mata, Agreste e Sertão do Estado. Mestre Zuza é Patrimônio vivo de Tracunhaém, historiador – cursou História na Universidade de PE com o dinheiro garantido pelo  barro -,  ex-secretário de Cultura e ex-diretor de Turismo do município.

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