A Literatura de Cordel é um importante meio de comunicação, presente no Nordeste, e vem ganhando expansão em outras regiões do Brasil. Inicialmente os livretos eram vendidos somente em feiras livres, hoje passaram a ser exibidos e vendidos também em eventos e espaços culturais, ganharam a versão digital, entre outros formatos.
Imerso nesse universo da poesia está o carpinense, Ivaldo Batista Costa. A habilidade com os versos começou “como se fosse uma brincadeira, fazendo rimas com as palavras nas conversas com os amigos e depois teve a oportunidade de escrever versos e estrofes inteiras para os seus livros, como se fosse ilustração”, conta o poeta. Posteriormente, despertou o interesse em publicar os seus textos em cordel e há 10 anos já são mais de 350 títulos. A temática diversificada registra biografias, times de futebol, problemas sociais, datas comemorativas, entre outros.
Essa inspiração alcançou também a produção de livros com temas regionais. Destaque para os títulos: “Sete dias na capital do Forró”, “A bênça meu Padim Pade Ciço”, “500 anos – Por que o índio foi condenado”, “Nova Jerusalém, a paixão de Pernambuco”, “Recife: uma fantasia para o mundo” e “Carpina Minha Esperança”.
Ivaldo é professor de História aposentado, lecionou ainda Filosofia e Sociologia, e sempre procurou alinhar a produção do cordel para estimular os seus alunos ao hábito da leitura e elaboração de textos. “Procurei sempre utilizar a arte, de modo geral, para ilustrar as aulas. Eu adorava desenhar para os alunos. Depois comecei a usar as estrofes do cordel tentando passar o conteúdo da disciplina através do cordel”, detalha.
Ivaldo é um incentivador da divulgação da Literatura de Cordel e tem representado Pernambuco em outras cidades brasileiras. Ele realiza visitas em bibliotecas, museus e outros espaços públicos como em escolas e universidades, por exemplo, para apresentar o seu trabalho e colabora para preservação da memória do cordel.
Destaque para o projeto “Minha cidade em cordel”, no qual ele conta a história de várias cidades em forma de cordel. No roteiro mais de 30 municípios de Pernambuco já tiveram os aspectos históricos, geográficos e culturais registrados de forma rimada. Além de outras cidades brasileiras como Rio de Janeiro, Belém do Pará, Vitória, por exemplo. No entendimento de Ivaldo estudar a história da nossa cidade é um ato cívico. “Todos os cidadãos deveriam aprender sobre a história do seu município. Usei o cordel, por ser um veículo importante de comunicação e também um instrumento lúdico, para repassar um conhecimento que julgo importante sobre esses municípios”. O poeta já publicou folhetos internacionais como Paris-França e Londres-Inglaterra.
Ivaldo Batista é membro da AILA (Academia Internacional de Literatura e Artes), da UCEA (União Carpinense de Escritores e Artistas), UBE (União Brasileira de Escritores) e da ACORDEL ( Associação pelo Cordel de Pernambuco). Ele utiliza suas redes sociais (Instagram, Facebook e YouTtube) para divulgar seu trabalho e incentivar a propagação do cordel.
O cordel- A Literatura de Cordel é uma manifestação literária tradicional da cultura popular brasileira, mais precisamente do interior nordestino, desde o Século 19. No ano de 2018, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) reconheceu a literatura de cordel como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.
O gênero cordel é o resultado das tradições orais e escritas presentes na formação social brasileira e traz consigo a herança das culturas africana, indígena, europeia e árabe. Originalmente, a expressão “literatura de cordel” referia-se ao modo como os livros eram expostos ao público, pendurados em barbantes, em uma espécie de varal presos com um prendedor.
As caraterísticas que asseguram a identidade é a sua oralidade, através das narrativas como a poesia declamada e histórias cantadas; além da presença de elementos da cultura brasileira. Sua função social é a de informar, ao mesmo tempo em que diverte os leitores.