Podcast Nossa História, Nossa memória

AFONSO OLIVEIRA: VALORIZAÇÃO, MANUTENÇÃO E DIFUSÃO DA CULTURA POPULAR DA ZONA DA MATA DE PE

O olhar sensível e empreendedor de Afonso Oliveira trouxe uma contribuição significativa para a cultura pernambucana. Filho do saudoso Altamir Oliveira e Luiza Alves, Afonso, é natural do Rio de Janeiro, mas foi em Pernambuco que construiu sua carreira. Desde que foi apresentado à cultura pernambucana, ele nunca mais separou-se.

Produtor cultural, pesquisador, consultor de políticas culturais, educador, escritor, designer, diretor artístico, curador, artista plástico e professor de produção cultural. Ao longo das últimas três décadas coordenou cerca de 100 projetos de diversas linguagens como música, cinema e dança, além de ter uma ligação muito significativa com a literatura e a pintura. Destaque para a idealização do Método Canavial e do Movimento Canavial, uma iniciativa que valoriza a arte e a cultura produzida na Zona da Mata de Pernambuco.

Dedicou-se a pesquisar e entender sobre o movimento de cultura popular no Recife e na Zona da Mata. Expandiu sua rede de orientação à produção cultural há várias manifestações culturais, inclusive, levando-os para fora do Brasil. A exemplo da produção para artistas da música pernambucana com turnês nos Estados Unidos, Bélgica, Alemanha, Portugal, Espanha, Itália, França, Suíça e Coréia. Trabalhou também em consultorias para empresas, instituições governamentais e não governamentais. Formou centenas de produtores culturais, além de criar e coordenar mais de 120 projetos relacionados a dança, cultura popular, literatura, cinema, televisão, música, gastronomia e patrimônio.

“Foi a partir do trabalho desenvolvido em Recife com a cultura popular que eu cheguei até os grupos da Zona da Mata, principalmente o maracatu Estrela de Ouro, de Aliança. No ano de 1998, convencido pelo Mestre Lourenço, conhecido por Zé Batista, eu fui até Chã do Camará para conhecer a região, a partir da conversa com alguns mestres”, pontua.

Em sua trajetória destaque para o trabalho desenvolvido, no período de 1995 e 2003, por meio de parceria com o Governo de Pernambuco e o Ministério da Cultura, para a estruturação de uma política de valorização dos maracatus. Através dessa iniciativa, ele Idealizou e coordenou o projeto que tornou os municípios de Nazaré da Mata, como a Capital Estadual do Maracatu e Goiana como a Terra dos Caboclinhos.

A convite do convite do ex- prefeito de Nazaré da Mata, Jaime Correia, em parceria com o Governo do Estado, Afonso idealizou o Encontro dos Maracatus fora de época, no mês de setembro ou outubro, e a consolidação da segunda- feira de Carnaval como o dia do Maracatu Rural, nesta cidade.

Integra ainda o seu currículo cultural a produção de 25 cd´s com artistas e grupos pernambucanos. No ano de 2012, ele produziu e dirigiu com o cineasta Marcelo Pedroso o filme Maracatu Atômico Kaosnavial, que marca o encontro de Jorge Mautner com o Mestre Zé Duda. Nos últimos anos ele tem contribuído ainda com a realização de diversos festivais, a exemplo do Festival Canavial.

É de sua autoria o livro “A curva do mundo”, no qual trabalha temas como ancestralidade, diversidade cultural, política, respeito às diferenças, além de observações do autor sobre a vida. O lançamento aconteceu em 2019 e marcou os 50 anos de vida dele.  A proposta para a obra surgiu a partir das suas viagens para diversos países como Inglaterra, Coreia do Sul, Japão, El Salvador, Estados Unidos, Equador, Moçambique, França, entre outros.

Método Canavial- As primeiras pesquisas sobre a Zona da Mata de Pernambuco lhe proporcionaram a percepção do potencial da produção cultural da região. “Percebi que muito da construção do que hoje chamamos de Pernambuco e a sua riqueza, passava pela riqueza da elite dessa região. Enquanto que o povo amargava índices de desenvolvimento humano, entre os piores de Pernambuco e do Brasil”, destaca.

Para sanar essa lacuna ele reconheceu a importância do trabalho do produtor cultural, mas nesse período não tinha pessoas qualificadas nessa função. Ao identificar essa dimensão de produção artística e de problemas sociais e econômicos surgiu a ideia de criar um movimento capaz de vencer essas dificuldades.

Afonso Oliveira relembra que assim, como havia coordenado esse projeto no Recife, chamou principais atores que pudessem contribuir para solidificar uma política social consistente na Zona da Mata, a exemplo, do Ministério da Cultura, Secretaria Estadual de Cultura de Pernambuco, as prefeituras, a imprensa e empresas. “Passamos a desenvolver ações e atividades estruturantes para que fosse possível desenvolver uma política cultural, principalmente nesses três aspectos: a memória, manutenção e difusão dos movimentos culturais”, diz.  

Nesse contexto, o Método Canavial foi criado em 2008, por Afonso, no município de Aliança, como forma de ensino da produção cultural em apoio à política cultural de valorização da cultura popular da Zona da Mata. Corresponde há um método de produção coletiva e comunitária que alcançou resultados expressivos na região. Uma de suas marcas é a capacitação profissional de jovens, mulheres, homens e idosos, na instrução para captação de recursos e formação para produção cultural local.​

O pesquisar ressalta que “o direito a cultura é um direito humano. O movimento Canavial procurou proporcionar as pessoas da região para que pudessem produzir a sua própria cultura. Passando de apenas fornecedor de matéria prima para os movimentos urbanos e passando a ser protagonista da sua própria história”.

Todo esse trabalho e dedicação rendeu-lhe a iniciativa da metodologia – “Método Canavial”- um livro em que reúne relatos e experiências, por ele vividos, nas comunidades e nos grupos de cultura, de como fazer produção artística. A publicação, lançada em 2010, configura-se como um dos maiores instrumentos para quem deseja atuar na atividade da produção cultural.

Reconhecimento- Afonso Oliveira também coleciona, ao longo de toda a sua trajetória profissional, algumas premiações, como o Prêmio Economia Criativa do Ministério da Cultura (2012); Prêmio Patativa do Assaré do Ministério da Cultura (2011) e o Prêmio Tuxauá do Ministério da Cultura (2010). Recebeu recentemente o Prêmio Delmiro Gouveia de Economia Criativa, pela Fundação Joaquim Nabuco (2020).

Além disso, foi secretário de Cultura de Olinda, em 2017. No mesmo ano, foi condecorado com o título de Cavaleiro da Ordem do Mérito Cultural. Trabalhou pelo fortalecimento do reggae e a cultura popular pernambucana. Escreveu o manifesto Canavial em 2006, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Além de viajar o mundo divulgando a cultura brasileira.

 

Conheça outras informações sobre:

Afonso Oliveira-

 https://www.facebook.com/afonso.oliveira.77 https://www.instagram.com/afonsomaracatu/

Movimento Canavial- https://www.facebook.com/movimentocanavial/

https://www.facebook.com/afonsooliveiraproducoes

Assista o filme “Maracatu Atômico Kaosnavial”-